A chamada “tripleta” é uma entidade para qualquer atacante. Fazer três gols num só jogo permite levar a bola para casa, rende música no Fantástico, garante as capas dos jornais. E os três gols que Pedro anotou contra o Vélez Sarsfield na Argentina soam como música aos ouvidos de muita gente, especialmente àqueles que clamam por sua presença na próxima convocação da Seleção. O número resume a imponência do centroavante numa atuação excelente do Flamengo como um todo, mas também é reducionista para seu protagonista. Afinal, a qualidade de Pedro em Liniers vai além das ótimas três definições rumo às redes.
Pedro é um dos principais impulsos à fase avassaladora do Flamengo. É o “bem que eu dizia” na cabeça de tanta gente que o pedia no ataque ao lado de Gabigol, e tantos treinadores rubro-negros não atenderam. Era até óbvio que os dois poderiam se combinar, mas certa teimosia negava a parceria. Daria certo não apenas porque são dois jogadores de alto calibre, mas porque ambos são extremamente inteligentes. Gabigol sabe se movimentar além da área, Pedro sabe ler os espaços e também buscar o jogo. Deu liga com Dorival Júnior.
A melhora do Flamengo nestas últimas semanas se dá por diferentes razões. É uma equipe mais equilibrada, mais consistente defensivamente, mais dinâmica. Nesta última parte é que a contribuição de Pedro se torna maior. O centroavante auxiliou a potencializar os companheiros e a permitir uma movimentação mais envolvente. São as trocas de passes, as participações de todos, as ultrapassagens. O centroavante puxa a linha e oferece passes ótimos na preparação dos lances. Também está presente tantas vezes para definir.
Pesa também a confiança de Pedro. E a calmaria. A frieza do centroavante impressiona, e impressionou ainda mais em Liniers. O artilheiro conseguiu dar uma leveza nos toques, parecia num tempo diferente dos marcadores afobados. Isso se viu em diferentes momentos. Quando aproveitou o cruzamento de Léo Pereira para anotar o primeiro gol num toque só, raciocinando rápido após o vacilo do zagueiro; quando chamou o marcador para bailar num drible de futsal, antes do passe a Filipe Luís quase virar assistência; quando arrancou e deu seu tapa inicial, preparando para a arte dos companheiros, no gol de altinha de Everton Ribeiro. Era o cara da conclusão, mas bem mais, num time que se vale de todo esse dinamismo.
O segundo tempo de Pedro seria de quem sabe fazer gol. Os seus dois últimos tentos também retratam isso. Movimentou-se em busca da fresta na área para o segundo, antes da macia definição por cima do goleiro Lucas Hoyos. De novo, sua tranquilidade contrastou com o desespero de quem precisava encarar o matador no mano a mano. Já no terceiro tento, começa de novo com essa participação na construção. A inversão para abrir o jogo do outro lado com Vidal e desmontar a já bagunçada defesa do Vélez. As rachaduras se criaram para Pedro se infiltrar e tirar no contrapé de Hoyos.
Pedro foi o melhor em campo com três gols. Mas que a atuação fantástica em Buenos Aires, numa goleada histórica em semifinais da Libertadores, não se limite a esse comentário. Outros números também dizem bastante: 39 toques na bola, 18 de 21 passes acertados, duas grandes chances criadas aos companheiros, dois dribles certos. Só quatro finalizações, três delas nas redes. E ainda tem tudo aquilo que as estatísticas não dimensionam, o que vira encantamento ao torcedor (não só do Flamengo), o que cria a certeza de que ele é realmente o cara. Nas sutilezas Pedro fez isso – tantas sutilezas que, somadas, foram bastante contundentes. Entre as muitas partidaças recentes, esta consegue ser a melhor do artilheiro. Para ratificar todas as suas virtudes e, ao que se espera, a oportunidade na Seleção.
Por Leandro Stein na Trivela
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