O prêmio entregue ao melhor jogador das finais da NBA leva o nome de Bill Russell. Esta homenagem, por si, dimensiona a grandeza de uma lenda do esporte. O craque permanece ainda hoje como o maior vencedor da história da liga, com 11 títulos. Protagonizou uma verdadeira dinastia no Boston Celtics e corresponde diretamente à fama da franquia. Também é um dos raros jogadores que igualmente levaram o troféu da NCAA e o ouro nas Olimpíadas durante sua carreira. Tudo isso tendo uma representatividade imensa por ser a primeira grande estrela negra da NBA, combatendo o racismo com uma postura dura e saindo às ruas para lutar pelos direitos civis. Um gigante que faleceu neste domingo, aos 88 anos, e deixou um legado imensurável – ao basquete, ao esporte de uma forma geral e a milhões de pessoas representadas por suas bandeiras.
A Trivela é um site sobre futebol, mas Bill Russell é uma figura que transcende o esporte. Por isso, prestamos um singelo tributo, para relembrar uma pouco conhecida passagem do craque pelo Brasil, exatamente num período áureo do basquete no país. Em julho de 1956, o camisa 6 participou de uma turnê com o San Francisco Dons por São Paulo e Rio de Janeiro, organizada pelo próprio governo dos EUA para estreitar o intercâmbio esportivo. A equipe do basquete universitário era bicampeã da NCAA e chegou a ficar invicta por 55 partidas. Aos 22 anos, Bill Russell era tremendamente exaltado por seu talento e pela revolução de seu estilo de jogo. A ponto de Kanela, treinador histórico que seria bicampeão mundial à frente da seleção brasileira em 1959 e 1963, classificar o garoto como o “melhor jogador de basquete que já pisou no Brasil”. O detalhe é que o Mundial tinha acontecido no país dois anos antes e o próprio Kanela treinava a seleção que perdeu a decisão diante dos Estados Unidos.
O San Francisco Dons, como era de se esperar, atropelou seus adversários na excursão. Em São Paulo, a equipe venceu o Corinthians (76 a 59) e a Seleção Paulista (74 a 58) – que, pouco antes, havia amassado a União Soviética também em turnê. Ambos os jogos aconteceram no ginásio do Pacaembu. Já no Rio de Janeiro, os triunfos na Tijuca ocorreram diante de Sírio (64 a 40) e Flamengo (68 a 54). Mesmo jogadores brasileiros célebres, como Algodão e Amaury, não foram páreos. Os jornais chegavam a dizer que a equipe da NCAA tinha mais qualidade até mesmo que os EUA campeão Mundial no Brasil em 1954. Bill Russell era nome imprescindível em qualquer notícia sobre a viagem, numa equipe que também se destacava por desafiar o racismo na própria escalação – com K. C. Jones e Hal Perry sendo outros dois negros titulares.
Bill Russell seria campeão olímpico meses depois de sua passagem pelo Brasil e ainda terminou a competição como cestinha. Os Estados Unidos enfrentaram os brasileiros na segunda fase dos Jogos de Melbourne e venceram por 113 a 51. Já a conquista do título se deu em cima da União Soviética, com triunfo por 89 a 55. K. C. Jones era o outro jogador do San Francisco Dons presente no elenco. Depois, seria parceiro de Bill Russell também no Boston Celtics que dominou a NBA a partir de 1957. Os torcedores brasileiros conheceram seus talentos em primeira mão.
Abaixo, alguns recortes de jornal que rememoram a vinda de Bill Russell ao Brasil. Clique com o botão direito e em “abrir em nova guia” para ampliar a visualização:
Por Leandro Stein na Trivela
Fonte: Trivela....from Trivela https://ift.tt/WkVv49N
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