Há noites pelos torneios continentais que acabam lembradas pra sempre pelo caos que as tomam. Assim ficará marcada a visita do São Paulo à Universidad Católica nesta quinta, no primeiro embate pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana. Foram duas partidas em uma só. O primeiro tempo viu um Tricolor avassalador fazer uma de suas melhores atuações dos últimos tempos. Os são-paulinos não deixaram os chilenos respirarem e foram muito eficazes no ataque, com dois de Luciano e outro de Reinaldo. O segundo tempo, entretanto, proporcionou a completa loucura em San Carlos de Apoquindo. Os paulistas tiveram três jogadores expulsos e precisaram segurar a pressão. Tomaram dois gols, mas também fizeram uma pintura com Calleri quando tinham “só” um a menos. O placar de 4 a 2 não é o melhor possível, mas vale muito à equipe de Rogério Ceni. Premia a eficiência da primeira etapa e a resistência da segunda, por mais que fique a bronca com os critérios da arbitragem – que deu sete cartões em campo para dez faltas apitadas contra os brasileiros.

O São Paulo já começou forte na partida, com amplo domínio. Bastaram quatro minutos para que a primeira chance viesse, em escanteio cobrado pela direita que Léo desviou no primeiro pau e Miranda ficou a um triz de completar no segundo. Pouco depois, seria a vez de Reinaldo testar o goleiro Sebastián Pérez num chute de fora. Os tricolores controlavam a Universidad Católica com uma marcação impecável, que não permitia aos chilenos agirem. O gol não demorou, com um pênalti sofrido por Calleri, que Reinaldo cobrou com enorme categoria aos 15. Os méritos são-paulinos eram evidentes.

O São Paulo não baixou a guarda depois do gol. Manteve o mesmo ritmo, com uma postura agressiva sem a bola e alto nível de concentração. A Universidad Católica mal se aproximava da área tricolor, com a defesa adversária ganhando todas as disputas – em especial, Miranda. E a postura sempre atenta rendeu o segundo gol logo. Aos 28, Calleri brigou pela bola dentro da área e contou com o vacilo imenso de Mauricio Isla. O passe escapuliu para Luciano, que definiu com facilidade dentro da área.

A maior virtude do São Paulo durante o primeiro tempo foi a seriedade como o time seguiu tratando o jogo. O Tricolor estava muito mais confortável em campo, contra uma Universidad Católica desacertada. A segurança prevalecia, com uma superioridade clara, mesmo que os são-paulinos não precisassem finalizar tanto. Pesava a eficiência. E a inspiração da equipe renderia um golaço aos 39. Numa troca de passes, Reinaldo serviu Luciano. O atacante deu um lindo toque para passar no meio de dois marcadores e finalizou com estilo, batendo com a parte de fora do pé. A empolgação era enorme, contra uma Católica que só assustou no fim. Mesmo assim, Diego Costa salvou a tentativa de Tomás Asta-Buruaga.

A partida parecia nas mãos do São Paulo. Isso até que o segundo tempo virasse do avesso. Começou com o gol da Universidad Católica aos dois minutos. José Pedro Fuenzalida recebeu com espaço na linha de fundo e cruzou rasteiro para Fernando Zampedri completar. Quando o Tricolor tentava uma resposta, aos cinco minutos, Igor Vinícius foi expulso. O ala recebeu o segundo amarelo, mas ainda assim a decisão do árbitro uruguaio Christian Ferreyra gerava questionamento pelo rigor em ambas as advertências. Fato é que os Cruzados cresceram e os são-paulinos tinham que segurar a pressão com um a menos. Jandrei começou a trabalhar, parando com tranquilidade um tiro de Zampedri.

O São Paulo ganharia Patrick no lugar de Luciano. E a mudança não demorou a surtir efeito, para que o São Paulo marcasse o quarto gol numa escapada aos 18. Mais um golaço. Patrick foi espetacular ao aplicar uma caneta de letra na marcação. Igor Gomes ajeitou dentro da área de calcanhar e Calleri foi cirúrgico na definição, com um tapa direto no ângulo do goleiro. A desvantagem numérica não comprometia a eficiência que os tricolores apresentaram ao longo da noite. Logo a Católica partiria para cima, trocando zagueiro por meia, na tentativa de tentar algo diferente.

A situação do São Paulo se tornava mais delicada aos 26. Após intervenção do VAR, Nestor também foi expulso por conta de um pisão. Já não existia mais tática na partida, com um ataque contra defesa, em que os são-paulinos se concentravam atrás e tentavam gastar o tempo. A Católica investia principalmente nos lances pela direita, mas sem tantas finalizações. Aos 39, um toque de mão de Zampedri anulou o gol de Diego Valencia. Logo depois, o próprio Valencia recebeu um cruzamento da direita e fuzilou de cabeça, para descontar outra vez. Os chilenos tentavam reduzir ao máximo a desvantagem, diante da situação caótica, e o segundo tento aumentava as esperanças de uma reviravolta.

O São Paulo teria sua terceira expulsão aos 42. De novo, o rigor exagerado da arbitragem entrava em pauta, num lance em que Calleri recebeu o segundo amarelo por chegar com “força excessiva” numa disputa. Antes de discutir o desfalque do atacante no Morumbi, o pensamento do Tricolor precisava se concentrar na batalha que se desenrolaria por mais alguns minutos. Com três a mais, a Universidad Católica martelou ainda mais. Os seis minutos de acréscimos não concediam tanto tempo, mas os Cruzados não podiam desistir. Faltou pontaria, com algumas finalizações para fora, especialmente uma pancada de Alfonso Parot por cima. Jandrei também teve ações precisas e manteve o resultado.

O saldo para o São Paulo é bom, especialmente por toda a loucura que aconteceu no Chile. A vantagem para o reencontro é confortável e o time evitou um desabamento mesmo com as expulsões. Reclamações à parte, será hora de repensar o time sem os suspensos e garantir uma passagem tranquila para as quartas de final. Pelo primeiro tempo, o Tricolor jogou como favorito ao título.

Por Leandro Stein na Trivela



Fonte: Trivela....from Trivela https://ift.tt/rHzjxid
via IFTTT