Luis Suárez se despediu do Estádio Centenário na última semana. O centroavante tratou a vitória sobre o Peru, que assegurou a presença do Uruguai na Copa do Mundo, como a última de sua carreira em casa pelas Eliminatórias. O veterano levou, inclusive, um pedaço da rede da meta em que marcou seu primeiro gol pela Celeste. A obra do Pistoleiro no qualificatório, porém, não estava completa. Nesta terça, em Santiago, ele marcou um golaço de bicicleta que abriu o triunfo por 2 a 0 sobre o Chile. Encerrou sua trajetória isoladamente como o maior artilheiro da história das Eliminatórias na América do Sul.

Suárez ganhou um descanso no banco de reservas em Santiago, mas precisou entrar durante o primeiro tempo, após a lesão de Edinson Cavani. O centroavante não demorou a mostrar sua fome de bola e deu trabalho ao goleiro Brayan Cortés. Seu gol saiu já na reta final do segundo tempo, para definir uma partida em que o Uruguai atuava melhor, apesar da cara de empate. Após uma cobrança de escanteio desviada no meio do pagode, a bola chegou para Luisito pedindo para ser chutada. Ele, então, a transformaria em obra de arte. Virou uma linda bicicleta à queima-roupa e estufou as redes. A noite ainda teria outra pintura, de Federico Valverde, soltando uma pancada da meia-lua.

Se cumprir mesmo o prometido, Suárez encerra sua trajetória nas Eliminatórias com 29 gols anotados. Fica um à frente do amigo Lionel Messi, que havia empatado a conta na sexta-feira passada. O formato do qualificatório, com mais jogos, beneficia os atletas em atividade nos últimos 25 anos. Mesmo assim, ninguém foi mais letal que o Pistoleiro na competição. Não deixa de ser significativo estar à frente exatamente de Messi. Seus tentos, além do mais, possibilitaram que o Uruguai se classificasse a quatro Copas seguidas – igualando o recorde do país.

Suárez marcou seus primeiros gols pela seleção do Uruguai justamente nas Eliminatórias. Foram cinco na campanha até a Copa do Mundo de 2010, com destaque especialmente ao anotado na vitória sobre o Equador em Quito durante a penúltima rodada. Aquele resultado ainda não livrou a Celeste da repescagem, mas deu sua contribuição à histórica caminhada até as semifinais na África do Sul. Luisito fez dois naquele Mundial, ambos na vitória sobre a Coreia do Sul nas oitavas de final, embora suas mãos tenham provocado o maior milagre.

Campeão da Copa América como protagonista, Luis Suárez foi ainda mais destrutivo nas Eliminatórias para a Copa de 2014 e terminou como artilheiro. Foram 11 gols, quatro deles numa goleada por 4 a 0 sobre o Chile no início da campanha. Teria brilho especial também na reta final, em vitórias essenciais contra Peru e Argentina, esta levando à repescagem. Em sua segunda Copa, o Pistoleiro acabaria marcado pela mordida em Giorgio Chiellini e pela suspensão, embora muito mais fantástica tenha sido sua recuperação para disputar o torneio após grave lesão e a atuação de gala com dois gols sobre a Inglaterra.

Suárez garantiu mais cinco gols nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018. Teria sua atuação mais lembrada no empate contra o Brasil em Recife. Todavia, aquela seria uma campanha mais decisiva do eterno companheiro Edinson Cavani. No Mundial, Luisito acabou sendo eclipsado pelo parceiro, apesar de balançar as redes mais duas vezes – no único tento na vitória sobre a Arábia Saudita e abrindo o passeio contra a anfitriã Rússia. Por fim, mesmo que a idade pesasse, o veterano não deixou de ser fatal na empreitada à Copa de 2022.

Suárez fechou essas Eliminatórias com oito gols, vice-artilheiro do torneio. Teria sua parte na largada positiva do Uruguai, ao conduzir vitórias sobre Chile, Equador e Colômbia. Quando a coisa degringolou, Luisito não foi suficiente e marcou apenas o gol de honra na goleada sofrida diante do Brasil. Mas, ainda que sua temporada com o Atlético de Madrid não seja tão reluzente, ele impulsionou a arrancada final da Celeste. Seriam mais três tentos, nos triunfos sobre Paraguai, Venezuela e, enfim, Chile com seu golaço.

Quando provavelmente disputar a Copa de 2022, Suárez já se aproximará dos 36 anos. A tendência é que sua despedida do Uruguai aconteça no Catar. Os Mundiais representam um capítulo especial na carreira do Pistoleiro, mesmo com tantos feitos por clubes e outros bons momentos com a seleção. Ainda assim, é na Copa que o centroavante experimentou as emoções mais fortes. E as Eliminatórias sublinham, também, esse gosto do centroavante por estar no maior palco. O maior artilheiro dos charruas forjou boa parte de seus 68 gols pela equipe nacional na competição, que valoriza um pouco mais seu papel na história do futebol uruguaio e do futebol sul-americano como um todo.



Fonte: Trivela....from Trivela https://ift.tt/vdZu3eC
via IFTTT