Doze vitórias em 13 jogos. Apenas um empate na melhor sequência invicta da história de um campeão da Libertadores. Só vitórias no mata-mata. Só Pedro desde 1989 fez tantos gols no mata-mata. Só Pedro Rocha (craque do Uruguai de Arrascaeta) fez gols em três finais. Só o equatoriano Spencer do Peñarol fez em quatro. 

E Gabigol. 

O cara de todos os quatro gols nas três finais do Flamengo. O que desta vez entrou na cancha no calor do Monumental de Guayaquil sem passar a mão e nem perto da Copa que volta à melhor campanha da Libertadores. Do melhor time e elenco. Maior investimento (só o reserva Cebolinha custou mais do que todos os reforços do Athletico - que nunca investiu tanto numa temporada em 98 anos).

Gabi do Flamengo que, como na final da Copa do Brasil, não fez um grande jogo. Mas levou. De novo. Coisa de time histórico como este desde 2019: nem precisa jogar o muito que sabe para ganhar mais um caneco antológico. 

E contando. 
E cantando desde novembro de 81. 

Vitória ainda mais valorosa pelo que se superou o Furacão. Felipão fez o esperado. E mais um pouco. A blitz inicial resultou nos dois lances perigosos paranaenses na primeira etapa murcha como um todo: bobeada de David Luiz que Vitinho emendou para boa defesa de Santos; na sequência, no mesmo minuto 11, voleio de Alex Santana depois de bola carambolada desde o arremesso lateral na área carioca. 

O Flamengo não conseguia jogar. Dorival mandou a campo o melhor time possível: o 4-3-1-2 usual. Mas foi travado pela ótima marcação athleticana: Thiago Heleno sobrava no miolo da zaga, com Pedro Henrique ganhando todas de Pedro, e o excelente Abner segurando Gabigol como insuspeito zagueiro pela esquerda; Hugo Moura como sombra de Arrasca, Alex Santana seguindo Everton Ribeiro, e Fernandinho pela direita anulando o avanço de João Gomes; Khellven mais espetado pela direita para cima de Filipe Luís. Faltava Vítor Bueno encostar no xará Roque - e também acompanhar Thiago Maia, como bem fazia Vitinho para cima de Rodinei, e também blindando o apoio do lateral do Flamengo.

Tudo bem travado pelo Athletico. E quase nada jogado pelo Flamengo. Chegou a ficar com 70% da bola na primeira etapa (melhor índice nesta Libertadores do time rubro -negro), contra apenas 30% do rival (o menor índice do até então invicto Felipão em 2022). 

Posse inútil e inerme. Nada de perigoso fazia o Flamengo até a infelicidade de PH, aos 42. Já havia sido amarelado em lance desnecessário com Gabi, aos 27. Quando em outra bola evitável, deu pernada para segundo amarelo em Ayrton Lucas (que substituíra o lesionado Filipe Luís, com apenas 9 minutos). 

Vermelho justo. 

Felipão chegou a levar para a beira do campo o promissor zagueiro Matheus Felipe para recompor a defesa, mas optou pela experiência de Fernandinho mais recuado, na zaga, como já atuou até com Guardiola. Também por temer que o substituto entrasse frio e desatento no tempo quente que estava acabando…

Pois é…

48min38s: Gabriel. Gabriel Barbosa. Gabigol. Gabi. Lil’ Gabi. Chame como quiser. Ele chama gol. Everton Ribeiro tabelou bonito com Rodinei e cruzou para a área com o pé menos excelente. Bola sob medida para o gol de Gabigol. 

Aproveitando a única chance do tricampeão no primeiro tempo. Também pelo vacilo de Fernandinho. Fechou por dentro e deu ainda mais espaço para o goleador decisivo enfim liberto, e pelo outro lado. A expulsão de PH foi ainda mais letal pro time de Scolari. 

Felipão recompôs a zaga no intervalo. Com um a menos, sacou um dos volantes - Alex. Abriu Vítor Bueno pela direita e fez um 4-2-3 com a bola. Sem ela, Abner voltou à lateral, o ótimo Khellven ficou mais atrás. VB e Vitinho pelos lados, Fernandino e Hugo por dentro na segunda linha de quatro, e Vítor Roque isolado para tanto talento. 

Mas não tinha como fazer diferente com um homem a menos o treinador do rubro-negro em sua segunda final de Liberta. 

O Flamengo podia ter feito mais. Pelo que tem e pelo que o rival tinha ainda menos. Mas o desempenho físico do tri que tem definhado nos últimos jogos nas etapas finais também explica. 

Com cinco minutos chegou duas vezes com perigo. Gabigol só não ampliou aos 5 pela ótima saída do excelente Bento.  Felipão respondeu trocando os pontas. Canobbio x Vítor Bueno, Romulo x Vitinho. Mas era o Flamengo enfim mais perigoso. O meio-campo mais aberto pelo rival propiciou outro bom lance para Pedro bater com perigo, aos 15. 

Pablo X Vítor Roque (maior presença de área e poder pelo alto) foi a aposta de Felipão, aos 19. O Athletico equilibrou de novo. Mas não era fácil com um a menos. E com Gabigol dando carrinho para negar um cruzamento de Abner. Era o espírito de campeão. Aquilo que esse grupo estava se perdendo no péssimo trabalho de Paulo Sousa. 

Vidal entrou aos 25 na cabeça da área no lugar de Thiago Maia. Criou-se a torcida tripla no Monumental: a maioria do Flamengo, a minoria barulhenta do Athletico, e a gigantesca de amarelo do Equador e do Barcelona vaiando Vidal por ser chileno - país que tentou ficar no tapetão com a vaga equatoriana no Qatar…

Só aos 30 Felipão ousou mesmo. O artilheiro e assistente Terans pelo volante Hugo.  Daquelas teimas felipônicas bem discutíveis. O uruguaio tinha que ter mais minutos em campo. Até pelo tiro longo. Cinco minutos depois, Santos largou bola raríssima que ele não vacila em chute de fora da área de Terans e quase saiu fumaça. 

Cebolinha substituiu Gabriel que pediu para sair. Arrascaeta superou a pubalgia até os 36. O ótimo Vítor Hugo entrou para compor o meio. 

Terans ainda bateria boa falta aos 44 para Santos defender bonito sem soltar. Pedro teria logo depois a última chance de um jogo truncado como final. Quente pela temperatura e morno pelo jogo arrastado. 

Mas vencido no detalhe pelo time que tem mais que os rivais. Aprendeu com a dor de 2021. E repetiu a façanha do timaço de 2019. Ainda com nove deles no elenco. Dois lesionados como Bruno Henrique e Rodrigo Caio. 

E com Gabi. 

 Basta.



from TNT Sports https://ift.tt/JSKLsiQ
via IFTTT