O Brasil conquistou a Copa América Feminina pela oitava vez, em nove edições da competição. O tetracampeonato consecutivo da Seleção, porém, aconteceu com pouco brilho. As brasileiras ganharam mais na base da qualidade geral do que da bola jogada. Não foram boas apresentações ao longo de toda a campanha, com momentos pontuais de sucesso que rendiam vitórias em partidas arrastadas. Nas semifinais, contra o Paraguai, o Brasil se assegurou na Copa do Mundo e nas Olimpíadas. Já neste sábado, o desafio contra a Colômbia na final contou com outra exibição ruim das brasileiras em Bucaramanga. A equipe sofreu bastante contra as anfitriãs, até então invictas, e abusou dos erros. O gol da vitória por 1 a 0 surgiu num pênalti. Taça nas mãos, o momento é de questionamento ao próprio trabalho de Pia Sundhage, que não decola.

O começo de partida seria ruim para o Brasil especialmente pelo drama de Angelina. A meio-campista se lesionou ao tentar uma roubada de bola e saiu de maca, às lágrimas, dando lugar a Duda. Fato é que, independentemente da perda, a Seleção não fazia uma boa atuação. A Colômbia adiantava a marcação e impedia as transições das brasileiras. Além disso, as Cafeteras arriscavam bastante de média distância. Linda Caicedo bateu por cima. Já aos 21, Catalina Usme fez a goleira Lorena trabalhar em cobrança de falta. As anfitriãs careciam de um pouco mais de capricho na conclusão e de infiltrações.

O Brasil tinha chegadas esporádicas ao ataque. Antônia e Adriana bateram com perigo, mas as dificuldades do time eram claras. Estava difícil construir algo, pelos muitos erros e também pela forma como a Colômbia chegava duro. Porém, isso pesou a favor da Seleção aos 37. Debinha tabelou pelo meio e foi derrubada na área por Manuela Vanegas. Pênalti para as brasileiras, que a própria Debinha converteu. As colombianas permaneceram em cima antes do intervalo, mas Bia Zaneratto também teve a oportunidade do segundo em batida por cima.

O começo do segundo tempo era melhor para o Brasil. A equipe se impôs no ataque e martelou. Antônia exigiu boa defesa da goleira Catalina Pérez, antes de Rafaelle bater prensada. Bia Zaneratto cobrou uma falta para fora, até que a grande chance surgisse aos dez. Debinha escapou em velocidade e saiu de frente para o gol, mas Pérez fechou o ângulo e salvou sua equipe. A Colômbia já não tinha o mesmo volume de jogo e demorou a restabelecer seu abafa.

Luana e Gabi Portilho entraram aos 22. De novo o Brasil voltou a abusar da sorte e os erros na saída entregavam presentes que a Colômbia não aproveitava. Mesmo assim, as Cafeteras voltaram a acreditar no resultado. Aos 31, Linda Caicedo arriscou de fora da área e por pouco não surpreendeu Lorena. A Seleção voltaria a ter algumas escapadas, mas sem nada concreto para aumentar a tranquilidade no placar. A reta final, aliás, ampliou o drama. O Brasil rifava a bola e não conseguia trabalhar. Já a Colômbia, mesmo cansada, aguardava as brechas e quase empatou aos 44. Lorena foi providencial para defender o tiro de Usme. Por fim, nos acréscimos, Luana poderia ter feito o segundo, mas o chute saiu raspando o travessão. Era um mínimo respiro antes do apito final.

Mesmo com o vice-campeonato, a Colômbia deixa a Copa América em alta. As Cafeteras voltam à Copa do Mundo e às Olimpíadas com uma campanha excelente, sem derrotas até a decisão. A competição mobilizou o país e pode até mesmo garantir a retomada da liga local, num momento em que seria deixada de lado. Ao Brasil, o título fica sem muita empolgação. A Seleção errou bastante na maior parte dos jogos, dependeu de lampejos e não encaixou coletivamente. Pia Sundhage continua com dificuldades para dar liga no time. Que as brasileiras sobrem no continente, a impressão é de que esse nível passa muito longe de desafiar as melhores equipes do mundo na atualidade.

Por Leandro Stein na Trivela



Fonte: Trivela....from Trivela https://ift.tt/v5PK6fc
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