Achar no esporte o caminho para superar a principal dificuldade imposta pela vida. Essa foi a saída encontrada por Leandro Padovani, de 37 anos. Depois de sofrer um acidente que o deixou tetraplégico, o então zagueiro procurou no esporte um recomeço e hoje reencontrou uma nova modalidade que pode colocá-lo nas próximas Paralimpíadas.
O acidente
A história de Padovani começa como a de tantos outros jogadores de futebol brasileiros. Nascido na cidade de Castelos, no Espírito Santo, iniciou sua carreira no futebol aos 12 anos de idade. Aos 15, realizou um teste no Gama onde conseguiu e vaga e deu pontapé em sua carreira. Leandro ainda passou pelo Brasiliense antes de tentar a vida no exterior.
Em 2012, ele começou a sua trajetória no Irã e em fevereiro 2018 sofreu um acidente durante uma partida após uma disputa de cabeça no alto. Na queda, caiu de cabeça no chão e fraturou as vértebras C6 e c7.
Volta ao Brasil e contato com o esporte
O atleta precisou esperar até o fim daquele ano para retornar ao Brasil. Seu estado delicado não o permitia fazer uma viagem tão longa. No fim de 2018 conseguiu retornar ao país e iniciou sua recuperação. Neste momento o esporte surge novamente em sua vida.
“Quando cheguei ao Sarah (hospital) me indicaram praticar vários tipos de esporte. Fiz handebol, basquete, canoagem, tênis de mesa. De todas as modalidades, eu consegui me adaptar melhor na natação, por conta da seriedade da minha lesão”, revela.
A reabilitação chegou ao fim em 2019, e Padovani achou que seria importante deixar a prática um pouco de lado para se dedicar à família.
2021 e retorno para as piscinas
Mesmo afastado das práticas, o ex-jogador revela que sempre manteve em mente o objetivo de voltar a competir em alto rendimento. Com a pandemia, viu os planos serem adiados, mas com a retomada de parte das atividades, Leandro decidiu voltar para as piscinas para fazer uma reabilitação.
Após algumas aulas de fisioterapia, ouviu do fisioterapeuta que ele poderia entrar em um nível competitivo. Leandro entrou em contato com o treinador Marcus Lima, treinador de natação paralímpica. Ao retomar os treinos, Padovani revela que reencontrou nas piscinas sua recolocação no esporte.
“A rotina de treinos, de convivência em grupo, de dietas, ter que acordar cedo, competição. Todas essas coisas me fizeram sentir dentro do esporte mais uma vez”, destacou.
Em outubro, Padovani competiu no Meeting, campeonato voltado para o paradesporto e garantiu o índice para disputar o Brasileiro.
“Essa marca que eu consegui foi a 4ª melhor das Américas. Foi uma coisa além do que eu esperava. Eu tinha noção que eu poderia atingir o índice, mas não imaginava que poderia conseguir uma marca tão expressiva”, contou.
Diante dos resultados, ele afirma que chegar às Paralimpíadas de 2024 em Paris se tornou o seu principal objetivo.
“Essas conquistas são um motivo de orgulho. Não são todas as pessoas que conseguem dar a volta por cima. Torço para que as pessoas que saibam da minha história se motivem. Para mandar uma mensagem para um familiar, e dizer que devemos seguir em frente independentemente das adversidades”, finalizou.
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